Durante um discurso polêmico no Catar, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, voltou a bater de frente com a Apple. Em uma fala direta, ele criticou os planos da empresa de expandir sua produção de iPhones na Índia, afirmando que "não está interessado em produtos feitos fora dos Estados Unidos". Além disso, ele cobra que a gigante de Cupertino invista mais na economia do país.
Trump quer iPhones "made in USA". Mas dá?
Segundo Trump, a Apple estaria "traindo" o compromisso de investir US$ 500 bilhões na economia americana, firmado em fevereiro, ao direcionar suas fábricas para a Ásia.
"Tive um pequeno problema com Tim Cook ontem. Vocês vão investir US$ 500 bilhões nos EUA, mas agora estou sabendo que vocês vão fabricar na Índia… Não estamos interessados em vocês fabricarem na Índia."
Mas a realidade é mais complexa do que um discurso político. A Apple tenta há anos diversificar sua cadeia de produção para escapar das altas tarifas de importação e reduzir a dependência da China. A Índia entrou nesse plano como uma alternativa estratégica, especialmente depois da pandemia, que paralisou fábricas chinesas e causou atrasos globais.

Apesar da pressão, a Apple afirma que produzir iPhones nos Estados Unidos é inviável, tanto por custo quanto por infraestrutura. A empresa argumenta que seria necessário um exército de trabalhadores especializados, algo que o próprio Steve Jobs já havia explicado a Barack Obama em 2011, ao afirmar que "não há mão de obra suficiente nos EUA para apertar parafusinhos".
Além disso, a Apple depende de uma rede de fornecedores asiáticos, e transferir essa cadeia de produção para os EUA exigiria muito investimento em novas fábricas, logística e treinamento do pessoal.
Índia será o novo berço do iPhone?
Apesar do incômodo de Trump, a Apple deve continuar apostando na Índia como uma peça-chave de sua estratégia global. Reportagens recentes indicam que a empresa quer que a maior parte dos iPhones vendidos nos EUA seja fabricada por lá, escapando das taxas e se preparando para novas tensões geopolíticas.
Para evitar novas cobranças, a empresa já chegou a enviar aviões lotados de iPhones antes de a tributação entrar em vigor.