O vice-presidente e ministro da Indústria, Geraldo Alckmin, confirmou nesta semana que o governo está avaliando um pedido da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) para antecipar a cobrança de impostos sobre a importação de carros elétricos. A proposta visa acelerar a aplicação da tarifa de 35%, inicialmente prevista para 2026, especialmente com o crescimento da BYD e GWM.
Como o governo quer antecipar?
O atual cronograma do governo prevê uma elevação gradual da tarifa para veículos elétricos: começou em 0% até o fim de 2023, subiu para 10% em 2024 e deve alcançar os 35% apenas em 2026. A alíquota varia de acordo com o tipo de motorização — elétrico puro, híbrido ou plug-in.

Mesmo com planos de montar fábricas no Brasil, as marcas chinesas têm sido criticadas por adiar o início da produção nacional. Segundo a Anfavea e representantes da indústria de autopeças, isso cria um ambiente desfavorável à indústria brasileira.
"O que a Anfavea pleiteia é que se antecipe essas alíquotas. Isso está sendo analisado neste momento", afirmou Alckmin.
Nesta semana, o Sindipeças — sindicato que representa os fabricantes de componentes automotivos — reforçou a pressão. Em nota, a entidade defende a retomada imediata da "tarifa cheia" de 35%, alegando que a atual política estimula importações excessivas e formação de estoques:
"As importações representam total desincentivo ao investimento na produção local, além de causarem desequilíbrio no mercado", disse o presidente do Sindipeças, Cláudio Sahad, em entrevista à Folha de S.Paulo.
Atualmente, os impostos aplicados estão em 18% para carros elétricos, 20% para híbridos plug-in e 25% para híbridos convencionais. Porém, essa "janela" tem sido usada por montadoras estrangeiras para inundar o mercado. Um exemplo disso foi a recente chegada de 5.524 carros da BYD no porto do Espírito Santo — o que inflamou ainda mais o debate.
Estima-se que mais de 42 mil veículos elétricos estejam encalhados nos estoques à espera de compradores, o que acende o alerta entre fabricantes brasileiros que veem a competitividade nacional ameaçada.
Enquanto isso, o governo ainda não definiu uma posição final, mas a discussão promete esquentar nos próximos meses — especialmente com a proximidade das eleições e a crescente presença das montadoras chinesas no mercado automotivo brasileiro.