Isso é o que faz a leitura, desenvolve a imaginação. Destaco aqui um trecho, adaptado por mim, que achei interessante compartilhar com todos e, principalmente, com os amantes da astronomia. Nem preciso dizer que recomendo a leitura, não é?

O fascínio do homem pelo céu vem de muitos anos, desde as antigas civilizações que acreditavam numa Terra plana e sólida. Os filósofos e astrônomos sempre tentaram desvendar os segredos dos céus, seja de maneira científica, filosófica ou religiosa. E então, eis que surge o primeiro que começou a fazer essas indagações de maneira, digamos, não religiosa, Thales de Mileto. Thales previu o ano em que ocorreu um eclipse solar, isso foi no ano 585 a.C. Incrível!

Para os gregos a Terra era o centro do Universo, ou seja, viviam num modelo geocêntrico e esse modelo perdurou por muitos séculos, pois satisfazia a muitos interesses, inclusive religiosos. Tudo indica que Aristarco de Samos foi o primeiro astrônomo a realmente acreditar no Sol como centro do universo. Arquimedes nos conta no seu livro "Psammites" como Aristarco calculou que o Sol era cerca de 20 vezes maior do que a Lua e 10 vezes maior do que a Terra e assim a Terra deveria girar ao redor do Sol e não o contrário. Depois veio Pitágoras, que descobre o movimento diurno da Terra sobre seu eixo e assim faz uma ligação entre planetas, cometas e sistema solar.

Mas, século XVI, um monge polonês chamado Nicolau Copérnico, também propõe um Sol como centro do universo, o heliocentrismo. Para ele, o Sol era uma prova matinal de um deus e, por ser o criador da vida, tinha que estar no centro do universo e não a Terra. Claro que essa ideia nunca foi aceita pela igreja católica, mas foi quando tudo começou. Mais tarde, Galileu Galilei faz uma revolução, por assim dizer, desfiando a igreja com seu sistema heliocêntrico.

Cláudio Ptolomeu, matemático, geógrafo e astrônomo, no século II também faz uma importante contribuição para a astronomia, no seu livro "Almagesto" composto de observações e ideias de antigos astrônomos, é um conjunto de 13 livros, continha elementos de astronomia esférica, teorias solar, lunar e planetária, falava também de eclipses e das estrelas fixas. Nesta obra ele deu a forma final a esta teoria, que se baseia na hipótese de que a Terra estaria parada no centro do Universo e cada planeta era o centro do seu movimento, sendo o primeiro a utilizar o termo "ecêntrico" (centro). Essa teoria perdurou na astronomia por aproximadamente 1500 anos.

Mas, vamos avançar um pouco na história e eis que entra em cena uma criança que possuía um interesse muito grande na astronomia. A sua história é bem interessante. Ele foi sequestrado quando criança pelo seu tio, Jörge Brahe um rico, solitário e nobre senhor, que custeou seus estudos. A princípio, apesar de sua fascinação pela astronomia, o tio queria que estudasse direito e ele entrou na faculdade de Leipzig aos 15 anos. Mesmo assim, Tycho Brahe - esse o nome do garoto - lia livros sobre astronomia escondido e também fazia observações astronômicas.

Ele fez suas primeiras observações aos 17 anos e, aos 19, com o falecimento do tio, a história que interessa começa: Tycho herda sua fortuna. Meteu-se num duelo e perdeu o nariz, a mutilação fez com que desviasse o interesse para a Medicina e Alquimia, que apesar disso, manteve seu gosto pelos astros construindo diversos instrumentos de astronomia.

Mas o dia 11 de novembro de 1572 mudaria sua visão de mundo, ou melhor, de céu: teve a experiência mais marcante de sua vida, quando conseguiu enxergar no céu, na Constelação de Cassiopeia, a primeira explosão de supernova, que é o nome dado à explosão de estrelas com massas muito maiores que a nossa estrela Sol. Isso transformou Tycho de um mero observador e amante da astronomia a um dos maiores astrônomos de todos os tempos. Além de suas previsões, passou a fazer viagens pela Europa, para ensinar e se aprimorar cada vez mais nos estudos astronômicos. Em 1576, o rei Frederico II ofereceu-lhe uma pequena ilha, a Ilha de Hveen, para que instalasse seu observatório de astronomia e, assim, nasceu um grande centro de pesquisas, o maior do mundo na época: o Uraniburgo, como a doutora Maria Cristina Abdalla ressalta, foi como o Cern (Organização Europeia para a Pesquisa Nuclear) da época. Maravilhoso!

Ele era tão fabuloso que Tycho também fabricou um moinho para criar seu próprio papel e assim registrar suas observações e cálculos. Mas, infelizmente, com a morte do rei, o seu herdeiro tomou posse de tudo que o rei havia lhe concedido e Tycho foi obrigado a fechar o observatório, levando consigo tudo o que podia. Rumou para Praga, tornando-se o matemático do Imperador romano Rudolph II e, com seu conhecimento do sistema geocêntrico de Copérnico, desenvolveu a Teoria do Sistema Solar, quando se tornou mais conhecido. Teve como assistente nada mais nada menos que Johannes Kepler. Embora discordassem e brigassem constantemente, tinham uma cumplicidade, a astronomia e a matemática. Quando Tycho faleceu,  Johannes tomou o seu posto como matemático imperial, conforme desejo de Tycho.

Johannes não acreditava na teoria de seu mestre, do sistema geocêntrico, pois acreditava num sistema heliocêntrico e passou a desenvolver sua própria teoria, partindo de sua motivação e acreditando que, para descobrir os planos de deus, a única forma seria através das equações matemáticas. Depois de cálculos e mais cálculos, conseguiu desvendar tais planos, ou melhor, as órbitas dos planetas. Segundo ele, deus não utilizava círculos, mas sim elipses e assim criou a tão famosa Lei de Kepler.

Claro que agora passaríamos a outro personagem e então termino por aqui. O final dessa fascinante história, entre outras pode, ser lido no livro citado acima.

Boa leitura!

Fontes: SB física, Ebah e Física.net