A Via Láctea, nossa galáxia, está em um constante "jogo de forças" com suas vizinhas, as galáxias anãs Grande Nuvem de Magalhães (LMC) e Pequena Nuvem de Magalhães (SMC). Um estudo recente, realizado com observações do Telescópio Espacial Hubble, revelou que a Via Láctea pode ter literalmente "sugado" parte do gás da LMC no passado, durante interações gravitacionais.

O que foi descoberto?

Os pesquisadores observaram que o halo de gás da LMC, uma camada de material que envolve a galáxia, é significativamente menor do que o esperado para galáxias de tamanho similar. Isso sugere que a interação gravitacional com a Via Láctea causou a perda de parte desse material.

Apesar disso, a LMC ainda possui gás suficiente para continuar formando novas estrelas. Segundo Andrew Fox, autor do estudo publicado no The Astrophysical Journal Letters, a LMC é uma "sobrevivente". "Se ela tivesse perdido todo o seu gás, teria se tornado uma galáxia composta apenas de estrelas antigas, sem capacidade de gerar novas estrelas."

Diagrama digital mostra gás da Grande Nuvem de Magalhães segundo sugado pela Via Láctea. Imagem: NASA, ESA, Ralf Crawford (STScI)

No entanto, apesar de ter perdido grande parte do gás, a LMC conseguiu reter uma "bolha compacta" de material essencial para a formação de estrelas, preservando cerca de 10% de seu halo original. Isso foi possível devido à sua alta massa, que ajudou a proteger parte do gás mesmo durante as interações com a Via Láctea.

O maioir benefício dessa descoberta é que isso nos ajuda a entender como as galáxias evoluem ao longo do tempo. Saber como a Via Láctea influencia galáxias satélites como a LMC revela detalhes cruciais sobre os processos de formação estelar e as forças que moldam o universo.

O papel do Hubble na descoberta

O Hubble foi essencial para este estudo, graças à sua capacidade de detectar luz ultravioleta. Os cientistas usaram a luz de 28 quasares brilhantes, que atravessaram o halo da LMC antes de chegar à Terra. Ao analisar como essa luz era absorvida pelo gás, eles conseguiram determinar sua composição, temperatura e velocidade.

O instrumento Espectrógrafo de Origens Cósmicas (COS) do Hubble permitiu que a luz dos quasares fosse dividida em seus comprimentos de onda, ajudando os pesquisadores a entender melhor o comportamento do gás no halo.

Agora, os cientistas pretendem explorar a região onde o halo da LMC colide diretamente com o halo da Via Láctea, investigando como essa interação pode impactar ambas as galáxias. Isso pode abrir novas perspectivas sobre os efeitos de forças gravitacionais em sistemas galácticos complexos.

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