Apesar da instabilidade, pouso em cometa foi um sucesso. Inicialmente, os cientistas ficaram apreensivos, já que o módulo Philae precisou efetuar três tentativas antes do pouso oficial. Além disso, também houve falhas no sistema de propulsão em direção à superfície do cometa.

De acordo com os responsáveis pelo projeto, o veículo se desprendeu, flutuou e retornou à superfície do cometa, que está localizado a 500 milhões de quilômetros da Terra. O robô precisou repetir tal movimento outras vezes, e somente após duas horas conseguiu se estabilizar. De acordo com leituras iniciais, o módulo afundou aproximadamente 4 centímetros da superfície do cometa.

Os cientistas estavam temerosos quanto a estabilidade do módulo, porém, nesta quinta-feira, através de novos dados, puderam confirmar o sucesso da operação. O robô Philae aterrissou no cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko às 14h05 (Horário de Brasília) de quarta-feira. O objetivo é encontrar respostas sobre a formação do sistema solar, e se possível, informações sobre a origem da vida na Terra.

O projeto começou a ser elaborado em 1994 e a sonda Roseta, responsável por transportar o robô, foi lançada em 2004.

"Pousamos o cometa naquele momento em que todos vocês nos viram celebrando", disse o coordenador do projeto, Stephan Ulamec. "Tivemos um sinal bem claro ali: recebemos dados do pouso. Esta é a boa notícia."

Jean Jacques Dordain, diretor-geral da Agência Espacial Europeia, disse que "este é um grande passo para a civilização". "Sabíamos que este tipo de feito não iria cair do céu, só com trabalho duro e muito conhecimento."

Ouça os ruídos emitidos pelo cometa:

Brasileiro no Projeto Rosetta

O brasileiro Lucas de Mendonça Fonseca, de 30 anos, é o único profissional não europeu envolvido no projeto da sonda Rosetta, que foi desenvolvido pela Agência Espacial Europeia. Conforme Fonseca, o projeto é "um dos maiores feitos dos últimos tempos".


Único brasileiro envolvido no Projeto Rosetta

"É muito gratificante, tive muita sorte de participar desse projeto", disse Fonseca, que afirmou ter realizado um sonho antigo. "Eu tinha um sonho de infância de trabalhar com projetos espaciais". Também pensava em ser astronauta? "Não, nunca passou pela minha cabeça ser astronauta."

Fonseca, que é de Santos (SP), se formou em engenharia mecatrônica na Universidade de São Paulo (USP). Ele fez mestrado em engenharia espacial no Instituto Superior de Aeronáutica e Espaço (Isae), da França. 

O brasileiro trabalhou no projeto Rosetta de dezembro de 2009 a dezembro de 2012, quando voltou ao Brasil.

"Eu desenvolvia modelos matemáticos para tentar antecipar o pouso, ou seja, para tentar simular a situação real em que o pouso aconteceria. Tudo nesse projeto é inédito", disse o engenheiro.

De acordo com Fonseca, o maior desafio era realmente o pouso.  "O maior desafio, na minha opinião pessoal, era o pouso. Temos muito a comemorado. Para a comunidade científica é um dos maiores feitos dos últimos tempos. Havia uma expectativa baixa de que teríamos sucesso no pouso, mas tivemos êxito".