Ao escolher um PC novo ou pensar na atualização do seu computador velhinho, muita gente acaba concentrando a atenção no processador (CPU) que ele deve ter. Contudo, a combinação deste componente com um outro - a placa-mãe (ou motherboard) - é fundamental para que o conjunto como um todo ofereça o máximo de desempenho e capacidade de expansão futura.

Isso ocorre porque é a placa-mãe o elo de todos os demais componentes-chave do PC. Ela possui uma série de componentes fixos (resistores, capacitores e circuitos) e slots livres, cada um com uma aptidão específica. A quantidade e diversidade desses slots é que vão determinar que componentes adicionais um determinado modelo de motherboard pode receber.

Assim, itens como o tipo do processador, a quantidade de memória RAM, disco rígido (HD), drive óptico e placa de vídeo, bem como o tipo de fonte de alimentação são determinados pelas características técnicas da motherboard.

Talvez você possa afunilar a escolha baseado na sua possível preferência por processadores Intel ou AMD. Mas o que vai contar para valer são as características que cada placa-mãe oferece.

On-board ou off-board?


Estas duas expressões são comumente utilizadas para caracterizar uma placa-mãe e estão relacionadas ao fato de a placa gráfica (GPU) estar integrada (on-board) ou não (off-board) à motherboard.

A princípio, a opção on-board pode parecer atraente pela integração oferecida. O que não deixa de ser verdade. Porém, ao se levar em conta a questão do desempenho, as coisas tomam um caminho diferente.

Nas placas on-board, cabe a um chip gráfico pertencente à CPU desempenhar a tarefa de processamento gráfico e de multimídia. Nesse caso, a memória para texturas de um chip gráfico é menor do que a de uma placa de vídeo, e até parte da memória RAM pode ser usada para esta tarefa - o que não ocorre com as placas gráficas separadas da placa mãe. Quando se tem uma placa gráfica separada, é ela que faz a maioria dos cálculos de processamento gráfico, com uma memória exclusiva, liberando o processador para as demais tarefas.

Quem usa o computador apenas para tarefas simples como escrever textos, navegar na internet, usar aplicativos de planilhas e de contabilidade, uma placa-mãe que possua todos esses componentes on-board é suficiente para dar conta do recado. O desempenho começa a ficar prejudicado quando se executa tarefas como processamento de vídeo ou games.

A opção de placa-mãe que você fizer vai determinar os tipos de RAM e processador que você pode usar. Assim, você deve olhar conjuntamente para esses três componentes principais.

Chipset


É como chamamos o conjunto de circuitos de apoio utilizados na placa-mãe. O chipset da motherboard realiza funções vitais no computador, como transferir dados entre o HD, a memória e a CPU, bem como a comunicação desses componentes com os demais periféricos, quando solicitados.

Este componente também limita os tipos e velocidades de processadores que a placa-mãe aceita, o tipo e a quantidade de memória RAM que se pode instalar e se recursos extras como entradas integradas para placa de vídeo, áudio e USB 2.0 serão inclusas com a placa (isto é, se ela é on-board ou off-board, como já dissemos).

Placas desenvolvidas com base em um mesmo chipset tendem a ter os mesmos recursos e desempenhos semelhantes. É por isso que saber as características principais do chipset (como suporte para processador e memória, barramento, tecnologia de armazenamento, entre outras) ajuda a identificar as diferenças entre placas-mães aparentemente similares.

Os fabricantes produzem os chipsets tendo em vista sua aplicação e a plataforma em que serão utilizados (desktops, servidores e notebooks). Por conta disso, é importante determinar o uso básico que se fará do computador para escolher os modelos de chipsets mais adequados. Visite o site dos fabricantes para obter informações precisas sobre cada chipset, suas aplicações e especificações, bem como compatibilidade com processadores e memória:

> Chipsets AMD
> Chipsets Intel

Processador


Em relação ao processador, os da Intel e da AMD - as opções mais comuns disponíveis no mercado -, ele costuma ser derivado da (ou combinado com a) escolha do chipset, do uso que se pretende dar ao computador e da capacidade de expansão futura que o sistema pode ter.

A interdependência entre processador e chipset ocorre por conta do encaixe do chip na placa. Há modelos de chipsets que aceitam mais de um tipo de processador - do mesmo fabricante. Por exemplo, o chipset Intel G35 Express suporta processadores Intel Core 2 Duo e Core 2 Quad, o que sinaliza ao usuário com uma possibilidade de expansão futura interessante; já o chipset Serie 690, da AMD, é compatível com os processadores Sempron , Athlon 64, Athlon 64 FX e Athlon 64 FX X2.

De forma análoga ao que ocorre com o chipsets, os fabricantes projetam os processadores com foco em aplicações e necessidades específicas. É o que ocorre com os chips da Intel, por exemplo, para desktops: Core (Core Extreme, Core 2 Quad e Core 2 Duo); Pentium (Pentium Extreme, Pentium Dual-Core e Pentium D); e Celeron (Celeron, Celeron D, Celeron dual-core), ou os processadores da AMD para notebooks: Turion 64 X2; Turion 64 X2 de núcleo duplo; e Mobile AMD Sempron.

Veja nos sites dos fabricantes informações completas sobre os diversos tipos de processadores e aplicações:

> Processadores AMD
> Processadores Intel

Memória RAM


A maioria das placas comercializadas atualmente utiliza memórias do tipo DDR2, mas é possível encontrar em muitos PCs antigos modelos que utilizam memórias do tipo DDR (mais difíceis de encontrar). Verifique na motherboard os tipos de RAM compatíveis (principalmente a freqüência em que trabalham) e a capacidade máxima que a placa comporta. Esta informação pode ser obtida no site do fabricante das placas.

Tais informações são importantes porque ajudam a programar a expansão. Caso a placa escolhida suporte até 2 GB de memória RAM, é preferível ter um pente de memória de 1 GB (deixando o segundo slot livre para uma futura expansão) do que optar por dois pentes de 512 MB cada que vão ocupar ambos os slots disponíveis.

Em caso de expansão, será necessário remover um dos pentes (se não ambos) para acomodar a memória adicional. Veja se o vendedor não aceita o pente que está sendo substituído como parte de pagamento pela memória nova.

Leve esse fator em consideração já que uma possível economia agora pode representar desperdício de dinheiro no futuro. O preço das memórias vem caindo muito e este é um investimento que pode valer a pena.

Armazenamento


Em relação ao aspecto de armazenamento ? leia-se discos rígidos ? a maioria das placas-mães vem com dois ou mais controladores Serial ATA (SATA). Dentro deste padrão, os HDs mais modernos são SATA I e SATA II. A diferença de desempenho entre os dois modelos é significativa.

Enquanto a velocidade de transferência de dados da SATA I é de 150Mbps, num HD SATA II chega a 300Mbps. Na realidade, estas velocidades são maiores, 187,5Mbps  e 375Mbps, respectivamente; mas é habitual referir-se a elas como 150Mbps e 300Mbps pois cerca de 20% de sua capacidade são reservados para informações de controle dos dados pelo HD. Talvez essa diferença não seja notada nas atividades corriqueiras de um computador, mas em tarefas mais pesadas ela pode ser decisiva.

Uma opção que pode ser bem interessante são as placas que suportam IDE RAID. Um desktop com sistema RAID utiliza dois ou mais discos rígidos idênticos para obter benefícios.

Entenda melhor: RAID (Redundancy Array of Independent Disks, ou arranjo redundante de discos independentes) consiste em utilizar mais de um HD como se fossem um só. Em caso de falha de um disco, o outro serve como um espelho dos dados, assegurando que o sistema continue a funcionar. Atualmente, a grande maioria das placas tem suporte para RAID. Em um outro tipo de instalação RAID, os discos são montados em paralelo; o objetivo é permitir a gravação e leitura dos dados mais rapidamente.

Áudio e vídeo


As placas-mães com som integrado se tornaram tão comuns que já é difícil encontrar alguma que não seja assim. Os modelos mais recentes trazem chips de áudio com seis canais digitais, o que é mais do que suficiente para games comuns e escutar músicas em MP3.

Se você quiser instalar uma placa de som para uma melhor qualidade e suporte a áudio 3D, você pode desativar o som integrado usando um jumper existente na motherboard (consulte o manual do usuário ou o site do fabricante da placa-mãe para mais informações) ou pelas configurações da BIOS do sistema.

Para quem pretende rodar os jogos mais sofisticados graficamente, é conveniente evitar placas de vídeo integradas, ou deve certificar-se de que sua placa-mãe tem um slot PCI ExpressX16 que permita fazer um upgrade de placa de vídeo.

Outras conexões


Muitas placas-mães têm portas Ethernet, USB 2.0 e FireWire, e até leitores de memória flash que ficam numa baia de drive externo.

As chamadas placas ?legacy-free? (termo em inglês para classificar PCs que não trazem recursos defasados de gerações anteriores) vêm sem portas paralelas, serial e PS/2 ? uma simplificação muito bem-vinda, a não ser que você ainda precise conectar um teclado ou mouse antigos, impressora em porta paralela, ou outro periférico muito velho.

Mesmo que não vá usar de imediato, pode valer a pena gastar um pouco mais por uma placa que inclua suporte para RAID, porta LAN, e FireWire, pois você pode precisar desses recursos mais pra frente ? para montar uma rede ou capturar vídeo, por exemplo.

Se sua placa mãe não tiver suporte pronto para tudo isso, a única opção será instalar uma placa PCI. Se esses recursos já estiverem integrados, você economiza slots PCI.

Publicada em: 17/07/2008 | Update em: 27/11/2008

Fonte: Revista PCWorld